O Tribunal Regional
Eleitoral do Pará cassou o mandato do deputado federal Cláudio Puty (PT-PA)
nesta terça-feira (28). Os desembargadores do TRE decidiram, por quatro votos a
um, acatar a denúncia feita pelo Ministério Público Eleitoral sobre abuso
de poder econômico, compra de voto e conduta vedada.
A
denúncia do MP Eleitoral é de 2010 e ocorreu após a operação Alvorecer,
deflagrada pela Polícia Federal no Pará. Segundo a relatora do processo, juíza
Eva do Amaral, a investigação policial utilizou interceptação telefônica -
autorizada pela Justiça Federal - para concluir crimes eleitorais que englobam
abuso de poder econômico, conduta vedada e compra de votos.
Provas
documentais e escutas telefônicas demonstraram o envolvimento de Puty, então
candidato, no esquema, segundo o MP. A denúncia afirma que o parlamentar usava
planos de manejo madeireiro, aprovados irregularmente, como moeda de troca para
apoio político e votos.
De
acordo com o MP Eleitoral as escutas telefônicas constataram que investigados
da operação Alvorada deixaram explícito que os planos de manejo liberados
irregularmente seriam usados como forma de obter votos. Outras provas mostraram
que o então chefe da Casa Civil do Estado - na época governado por Ana Júlia
Carepa - usava sua influência política para interferir diretamente na liberação
de autorizações definitivas de exploração florestal.
A
denúncia evidencia ainda que grupos de fazendeiros da região sul e sudeste do
Pará decidiram apoiar a candidatura de Puty em troca das liberações de
exploração florestal. Além de Puty foram condenados José Cláudio Moreira Cunha
- então secretário adjunto de Meio Ambiente - e Aníbal Picanço - secretário de
Meio Ambiente. Por não terem mandato eletivo, os dois foram multados.
No
mesmo esquema estão implicados os deputados estaduais Bernadete Ten Caten (PT)
e Gabriel Guerreiro (PV). Ainda segundo o MP Eleitoral, as provas relativas a
Puty foram enviadas a Procuradoria Geral da República, em Brasília, pelo fato
de o deputado ter foro privilegiado.
Ainda
de acordo com a juíza, o parlamentar poderá recorrer da decisão ao TRE do Pará
e posteriormente em outras esferas da justiça eleitoral, se necessário.
Outro lado
O
parlamentar classificou a decisão do TRE-PA como 'absurda'. 'Há no processo uma
declaração do delegado afirmando textualmente que não há provas de compra de
voto', afirmou Puty.
O
deputado informou que ainda não foi notificado de decisão judicial. Puty
disse também que recorrerá da decisão ao TSE. 'A vida segue, estou
tranquilo e continuo defendendo os interesses do Pará', finalizou.
Relembre a operação Alvorecer
A operação Alvorecer foi realizada em dezembro de 2010 pela Polícia Federal, em Belém e Marabá, e investigou o comércio ilegal de madeira e fraudes na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Na época foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e quatro pessoas foram presas, segundo a Polícia Federal.
A operação Alvorecer foi realizada em dezembro de 2010 pela Polícia Federal, em Belém e Marabá, e investigou o comércio ilegal de madeira e fraudes na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Na época foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e quatro pessoas foram presas, segundo a Polícia Federal.
Entre
os presos estavam funcionários da Sema, um despachante e um vereador em Marabá.
A ação foi um desdobramento da operação Delta, realizada em março do mesmo ano,
para combate ao desmatamento e comércio ilegal de madeira na região
metropolitana de Belém. Na ocasião foi constatada a participação de servidores
da Sema em uma rede de corrupção.
De
acordo com a Polícia Federal, o esquema consistia na aprovação ilegal de
vistorias e licenças para exploração de madeira e planos de manejo. Havia
pagamento de propina por madeireiros a servidores de diversos departamentos da
secretaria.
O
crime acontecia de duas formas: primeiramente funcionários considerados
subalternos recebiam valores para desempenhar atos ou dar agilidade à
tramitação de processos. Em outra frente, funcionários do alto escalão da
secretaria cobravam um percentual do valor total dos planos de manejo florestal
para aprová-los.
Karla Soares (Portal ORM)
Foto: Brizza Cavalcante/Agência Senado
Foto: Brizza Cavalcante/Agência Senado
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