quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Isenção tributária para construção pode garantir R$ 38 bi ao PIB, diz Abramat

A indústria de materiais de construção deve encaminhar ao governo federal ainda nesta semana proposta de desoneração de tributos sobre o setor que pode gerar um ganho superior a R$ 38 bilhões para o PIB (Produto Interno Bruto) do país em 36 meses. A estimativa integra estudo apresentado nesta quarta-feira pela FGV (Fundação Getulio Vargas), em parceria com a Abramat (Associação Brasileira de Materiais de Construção).
Além da isenção permanente do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para materiais de construção, que tem validade até 31 de dezembro, a entidade pedirá ao governo sua ampliação a todas as categorias de produtos do setor, como lâmpadas e máquinas e equipamentos, além da isenção total do PIS/Cofins da atividade de construção para obras habitacionais.
"Queremos uma definição do governo o mais rápido possível para que não haja interrupção...não queremos apenas a continuidade. (A proposta prevê) a desoneração completa e definitiva do IPI", disse o presidente da Abramat, Melvyn Fox.
Segundo ele, a entidade encaminhará a proposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos principais ministérios esta semana.
"Isso vai acelerar os trabalhos voltados ao [programa] Minha Casa, Minha Vida e de saneamento básico para as obras da Copa e das Olimpíadas", acrescentou Fox.
De acordo com o levantamento da FGV, além da redução de preços e do valor das obras, a isenção tributária permanente para esses insumos garantiria um aumento da renda disponível das famílias e das empresas, o que seria traduzido em crescimento econômico.
Segundo Fernando Garcia, coordenador do estudo da FGV, o efeito direto do abono de IPI, PIS e Cofins sobre a renda das famílias e das empresas seria um aumento de R$ 3,7 bilhões --a valores de 2009.
Em 36 meses, esse ganho representaria um acréscimo de R$ 38,137 bilhões, ou 1,3%, no PIB brasileiro.
"Com a desoneração permanente é possível reduzir preços de obras e, com isso, construir mais metros quadrados. Consequentemente, o país cresce mais", afirmou Garcia, acrescentando que a aquecida atividade de construção faz com que a redução das alíquotas não afete a arrecadação fiscal.
INFORMALIDADE
Na visão do presidente da Abramat, uma intervenção definitiva na tributação do setor pode se traduzir, ainda, em redução da informalidade.
"Quando se reduz a carga tributária, há incentivo à redução da informalidade no setor", disse Fox.
Outro aspecto da desoneração envolve também a inibição da entrada de produtos importados no país, conforme o coordenador do estudo.
A crise econômica mundial levou países produtores de aço e de produtos elétricos a reduzirem drasticamente os preços dos insumos, que encontraram no Brasil um mercado consumidor potencial em um momento de valorização do real.
"É um problema permanente que exige medidas para compensar, e não impedir, as importações", ponderou Garcia.
CAPACIDADE ELEVADA
Embora positivo para manter a produtividade e os custos das obras sob controle, o elevado nível de utilização da capacidade da indústria de materiais de construção preocupa o setor.
Segundo dados da Abramat, este mês, a capacidade do setor está em 88%, após sete meses consecutivos em 87%. No início de 2009, auge da crise mundial, o nível estava perto de 30%.
"Se chegar a 92% pode complicar", alertou Fox. "O nível alto é preocupante, pode haver falta de alguns itens", citando como exemplo o cimento.
Por outro lado, ele ressaltou que as empresas do setor vêm elevando o Investimento em ampliação da capacidade. Conforme a Abramat, cerca de 80% dos empresários planeja investir em expansão.
"No momento, não há nenhum caso de indústria em que esteja faltando material... mas planejamento é fundamental", acrescentou Fox.
A Abramat prevê um aumento das vendas de materiais este ano em cerca de 15%. Em 2011, essa elevação deve ser de entre 10% e 12%, já considerando uma eventual prorrogação na desoneração do IPI, que tem influência de dois pontos percentuais, em média. Até 2016, segundo a entidade, o Faturamento do setor deve atingir perto de R$ 188 bilhões.
Fonte: Folha On Line

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